André Brant/Hoje em Dia
Cláudio Bax se aliou ao esporte para ter mais qualidade de vida a partir dos 50
Os 50 bateram à porta e trouxeram visita. Cabelos brancos, pés de galinha, flacidez muscular, só para citar algumas novas “companhias”. Sinais de que o tempo, feliz ou infelizmente, avançou. Temida por muitos e assumida por poucos, a meia-idade não é apenas uma fase de transição, é uma zona de conflito.
E para passar por ela ileso, sem aquela sensação de que está velho demais para manter a juventude e o vigor de antes, não há segredos. A dica dos especialistas é pôr o pé no freio e aceitar a idade, sem tentar se esconder numa “carcaça” que não te pertence mais.
“É comum nessa fase as pessoas não aceitarem as rugas e os cabelos brancos. Tem gente que começa a fazer tatuagens, piercing, passa a usar roupas de grife, comprar carros importados caríssimos. Tudo para parar o tempo”, ressalta o geriatra Rubens de Fraga Júnior, conselheiro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). “Não há mal em querer continuar jovem, mas o limite é aceitar a idade que se tem. Saber envelhecer traz benefícios”, completa.
Acostumado a lidar com as crises da meia-idade, ele até batizou essa fase da vida como termo gerontolescência. “É a adolescência da velhice”, brinca, fazendo referência às mudanças de comportamento e às dúvidas que surgem entre os 50 e 60 anos.
Missão cumprida
Com motivo de sobra pra sofrer um colapso ao soprar as 50 velinhas, o engenheiro Cláudio Bax foi mais forte e não se deixou abater. Aliou-se ao esporte e pôs em prática o bom-humor, que já lhe era peculiar, para chegar “inteiro” aos 55 anos, que completa daqui a pouco mais de um mês.
A entrada na meia-idade coincidiu com o fim do casamento de 22 anos. Mas não foi esse revés que ditou como o engenheiro se comportaria dali em diante. “Consegui superar. Com uma vida equilibrada, saudável, e, principalmente, com consciência da idade, não sobra tempo para lamentar a velhice, apenas para planejá-la”, ensina.
Adepto da medicina anti-envelhecimento, Cláudio tem como lema o dito popular de que “a felicidade é comer a metade, andar o dobro e rir o triplo”. Não fuma, não bebe destilados nem cerveja e passa pelo menos três horas do dia no pique da academia. “Retomei o vigor físico e considero que hoje estou melhor do que antes dos 50”, diz.
Projeto de vida
Assim como ele, o jornalista – ou seria maratonista? – Ike Yagelovic, de 55 anos, tem disposição de dar inveja a qualquer garotão de 30 e poucos. O segredo? Ele faz projetos. “Quando cheguei aos 47 e percebi que os 20 já estavam distantes, decidi mudar. Lancei um desafio, o Projeto Ike 50. Busquei um personal, um nutricionista e nunca mais parei. Faço um novo planejamento a cada cinco anos.
Foi a forma que encontrei de aceitar e viver bem com a idade que tenho”.
E, de fato, não há forma melhor de encarar a maturidade. Segundo o geriatra Rubens Fraga, a meia-idade é o momento mais propício para reavaliar o passado e projetar o futuro. “É hora de rever os desejos, traçar novos sonhos e seguir adiante”.